Incestuosos – penúltimo capítulo

Parte 1… Enquanto as mãos de meu pai terminavam de enlaçar minha vista, ouvi sua voz um tanto quanto extasiada, parecendo soletrar cada palavra que dizia com o máximo de cuidado, como se estivesse anunciando realmente o início de uma grande partida, um jogo importante, definitivo, onde as regras precisavam ser bem entendidas, definidas, a fim de evitar quaisquer dúvidas no decorrer do exercício ou divertimento que estava por vir…

__ Pedro, muitas fantasias sexuais, a maioria, ou uma boa parcela delas, envolvem uma pessoa dominante e outra submissa… __ senti um último nó ser apertado um pouco acima da minha nuca e imediatamente a voz de meu pai se aproximou do meu rosto com seu hálito cheirando a cerveja… __ Independente de qualquer uma que possa ser, médico e paciente, professor e aluno, patrão e funcionário, sargento e cabo, todas, sem exceção objetivam satisfazer o desejo clássico, clichê talvez, de um deles ser o escravo e outro, mestre…

Mais nada precisava ser dito. Era mais do que óbvio a pretensão de meus pais. Além de objeto eu seria o escravo sexual deles. Não sei existe alguma diferença nessa mera dominação considerando tudo o que já vinha acontecendo desde o instante em que fui abordado embaixo do chuveiro… Eu já estava amarrado, imobilizado, disponível para as mais propensas e ousadas fantasias e perversões que poderiam acontecer, a diferença, entretanto, era de que meu papel havia sido muito bem definido, onde eu participaria de toda ação como um mero coadjuvante, de luxo, talvez, mas impotente, sem qualquer chance de atuação própria, sem direito a nenhum improviso servindo apenas e tão somente como um acessório que os ajudaria a alcançar a plenitude de seus prazeres.

“O que queremos, de verdade, é que você seja o nosso macho…” Aquela frase voltou a ecoar dentro da minha cabeça.

Um cheiro de vela começou a tomar conta do quarto.

__ Vela? __ não pude deixar de perguntar, escabreado. Meus pais estavam propiciando um ambiente de romantismo? Um tanto controverso, se essa fosse a real intenção.

__ Meu querido __ a voz de minha mãe me alcançou, carinhosa, permissiva __ Todos nós saboreamos e sentimos muito mais na escuridão. Ter o sentido de a visão privado pode nos levar a uma gama de sensações fantásticas… Você vai ver. Agora, vendado, todos os seus outros sentidos vão se intensificar… Relaxe…

Deixei escapar um longo suspiro e aguardei o que estaria por vir. Confesso que minha ansiedade e curiosidade, apesar da “costumeira” situação em que me encontrava, me dominaram intensamente. Notei que alguns movimentos começaram a acontecer a minha volta, mas nenhum deles com ação direta sobre mim. Busquei controlar minha respiração enquanto me munia de uma dúzia de receios. Me veio à mente o parágrafo inicial de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez: “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”… De repente minha pele foi tocada por algo muito, muito leve. Penas? Plumas? Não soube de fato concluir, mas elas correram pelo meu corpo, indo e vindo, me fazendo delirar diante da minha sensibilidade provocada de forma tão delicada, mas ao mesmo tempo abrupta, invasora… Palavras de carinho, sacanagens e gemidos foram sendo despejadas sobre mim e ao pé do meu ouvido. Inebriado, me contorci e decidi embarcar naquela montanha russa de sensações que eu vinha, a muito, tentando controlar: verbalizei tudo o que estava sentindo naquele exato momento. Meu cacete, claro, concretizou o que talvez não precisasse ser dito. Meus pais pareceram adorar minha confissão, minha rendição, finalmente, diante de todo o prazer que eles vinham me oferecendo. Senti seus beijos na minha nuca, no meu pescoço, suas mãos acompanhando as penas que deslizavam sobre minha pele. Quem, em sã consciência, não apreciaria beijos e mãos passeando sobre o seu corpo de maneira bastante sedutora, afrodisíaca, mesmo que quem os tivesse propiciando fossem aqueles que lhe deram a vida?

As plumas ou as penas cessaram, assim como os beijos e os carinhos e as mãos impacientes de meus pais, mas apenas para dar lugar às suas línguas, ambas, serpentes soltas sob os meus pés. Começaram gentis, delicados, beijando a ponta de cada dedo, porém não demoraram a pressioná-los, fazendo um oito por dentro e por fora deles, passando a superfície áspera do músculo que saia da cavidade de suas bocas contra as solas e ao redor dos meus pés, reverenciando-os. Constrangimento e excitação se misturaram quando a intensidade daquelas carícias aumentou, me forçando a dobrar os dedos em suas bocas. Era como se a glande do meu pau tivesse migrado para os meus pés… Comecei a arfar, como se participasse de uma corrida. Frenético, sensibilizadíssimo diante do tratamento que recebia, grunhi avidamente e pensei por um instante: quem, na verdade, estaria sendo o submisso?

A dança das serpentes sob os meus pés terminaram tão abruptamente como começaram; como tudo o que estava sendo feito dentro daquele jogo… Então um pingo quente tocou a minha pele. A cera da vela, deduzi. O odor emanado pela parafina não me deixou dúvidas e então senti um segundo pingo sobre um dos meus peitos. Quis reclamar, mas um dedo pousou sobre os meus lábios acompanhado de um chiado pedindo silêncio… Minha respiração começou a ficar entrecortada depois que os pingos se seguiram sobre o meu tórax, barriga… Sim. A cera quente da vela continuava a pingar… Pequenos pingos… Uma dor mesclada com um prazer mais que intenso tomaram conta de mim. Meu peito palpitava incontrolavelmente diante da mera suposição do que viria… Onde cairia o próximo pingo quente? Quais seriam os limites dos meus pais dentro daquele jogo… Pior… Quais seriam os meus limites?

__ Gostou garotão? __ meu pai perguntou entre risos.

Senti um peso sobre o meu peito. Alguém estava sentando sobre mim. Percebi imediatamente que o pelo daquelas pernas e o roçar de uma “barriguinha” só poderiam ser do meu pai; logo imaginei que quisesse outra sessão de linguada no rabo, mas me enganei ao notar que ele estava de frente e não de costas quando senti suas mãos forçarem minha cabeça, empurrando-a na direção do seu caralho, não me dando tempo de contestar ou sequer reclamar… Ainda assim tentei resistir, buscando desviá-lo de mim, empurrando a cabeça do seu pau para fora da minha boca, mas o Meritíssimo Márcio Antônio não se deu por vencido, não querendo entender ou compreender minha recusa, e continuou a empurrar minha cabeça com mais força, agarrando meu cabelo e arqueando seus quadris para que pudesse encaixar definitivamente o seu membro rígido dentro da minha boca. Minha resistência não durou por muito tempo. Estava dando murro em ponto de faca, me esforçando e me desgastando em vão. Cedi e fui então abrindo caminho com a língua pela trilha de pelos que levavam à base do órgão carnudo que palpitava entre os meus lábios, não demorando a fazê-lo deslizar para fora e para dentro da minha boca, sentindo sua cabecinha escorregando sobre minha língua e seus pentelhos provocando cócegas ao roçarem o meu queixo… Em um movimento rápido, meu pai se virou, mesmo sentado sobre mim, e pude sentir sua boca úmida, quente e esfomeada abocanhando minha pica dentro de um extasiante 69.

__ Filho da puta __ meu pai me xingava nos intervalos em que tirava meu cacete da boca para recuperar o fôlego.

Logo seu cacete deu lugar a sua bunda sobre o meu rosto. Suas nádegas foram separadas, não sei se por suas mãos ou as de minha mãe, mas foi um sinal verde para que eu mergulhasse naquele rego, e o fiz, pressionando o meu rosto, inalando o leve odor do suor que cobria a camada de pelos curtos e grossos, serpenteando minha língua sobre o seu cu, sensível, lambendo-o de cima a baixo. Pude sentir a contração que lhe proporcionei. Meu pai gemeu e pressionou todo o peso do seu corpo sobre o meu rosto, deixando de lado o 69 para se sentar ferozmente na minha cara, como havia feito antes, empinando a bunda, rebolando, mexendo e se remexendo, puto, prendendo minha língua e meu nariz com os músculos das suas nádegas… Quase gozei, mas creio que ele percebeu meu desespero e se levantou, ofegante.

__ Quem diria, Marta… Nosso filho agora será o nosso macho também.

As gargalhadas de deleite dos dois atravessou o quarto instantaneamente e eu acabei me deixando contagiar por aquela lógica absurda. Éramos, indiscutivelmente, eu, meu pai e minha mãe, incestuosos.

Uma espécie de gel foi espalhada pelo meu peito, meu pescoço, minha barriga… Seu odor era bem discreto e a sensação sobre minha pele era de quente e frio, alternadamente. Comecei a me sentir relaxado enquanto as mãos de meus pais espalhavam todo aquele líquido através de uma massagem erótica, estimulando cada ponto do meu corpo com muita sensualidade, com movimentos ora mais intensos, ora mais leves. Um ir e vir inebriante dos pés a cabeça me causou arrepios sucessivos, espasmos… A respiração deles, naquele momento, por incrível que pudesse parecer, estava controlada; inspiravam e expiravam várias vezes, mantendo um ritmo perfeito enquanto percorriam cada centímetro da minha pele, em silêncio… É incrível como o universo se amplia em sons e formas quando somos privados de qualquer um de nossos sentidos… Por um instante considerei se todos os meus limites e minhas neuras sobreviveriam após aquele redemoinho de prazeres proibidos, de sensações que me marcariam para o resto da vida… Não demorou muito para sentir os lábios dos dois tracejarem o desenho do meu corpo, me beijando, me lambendo as mãos, dedos, pernas, barriga, tórax, rosto, pescoço… Notei que estavam sentindo o meu cheiro, experimentando o sabor da minha pele… Fui invadido por uma enxurrada de sensações extraordinárias, quase enlouqueci. O que meus pais estavam fazendo comigo? Onde eles queriam chegar?

__ Vou gozar novamente se continuarem assim. Por favor, eu não consigo me segurar por mais tempo.

Um tapa na cara foi o que recebi como resposta ao meu apelo. A mão pesada com certeza fora a do meu pai. Me calei. Por que aquela reprimenda? Era mais do que justo eu gozar, de novo, depois de tudo aquilo a que eu havia sido submetido…

__ Você só vai nos dar leite quando quisermos… Quando nós mandarmos ouviu bem? __ informou a voz firme do Meritíssimo Márcio Antônio.

Consenti meneando a cabeça, em silêncio, mas me questionando o motivo, ainda, do meu respeito por ele, ou mesmo pela minha mãe, mas o jogo precisava continuar…

Decidi que a partir daquele momento me entregaria ainda mais a uma tortura silenciosa.

A gravata que me bloqueava a visão foi retirada e encontrei meus pais inteiramente entregues à fascinação que os levara, acredito, até aquele ponto: olhavam e mediam o meu corpo com nítida idolatria estampada em seus olhares, mantendo uma postura superior, encarnado, de verdade, o papel de senhores da situação. Comecei então a receber palmadas leves ao mesmo tempo em que uma chibata (de onde teria saído?) percorria o meu corpo, sentindo de vez em quando sua força sobre a minha pele… Mordidas… Novamente alguns tapas na cara… Insultado verbalmente através de conotações sexuais… Masturbado pelos pés ora de meu pai, ora de minha mãe… Novamente tendo os pingos da vela sobre mim… Recebendo gelo sobre minha pele… Tendo frutas, chantilly, servidos sobre o meu corpo, minha virilha, meu cacete… Tudo sem poder reclamar… Vulnerabilidade somada a uma sessão de prazer e castigos que deixaram meus genitores transbordando de satisfação e alegria incontestáveis… Naquele período entre o que havia começado no banheiro até a cama onde eu ainda permanecia amarrado, percebi o progresso quase (ou não) obsessivo ou fetichista dos meus pais, engendrando pelo terreno do sadismo sem qualquer ponderação ou limite.

__ Creio que chegou a hora do presente do nosso filho, não Marta? __ meu pai perguntou, sem encarar minha mãe, dando o entender que não fora um questionamento, mas uma constatação.

__ Ele merece __ dona Marta respondeu com os olhos ávidos na minha pica.

O que ainda poderia acontecer? Que presente seria esse? Sem muita demora fui, enfim, desamarrado. Meu pai cuidou dos meus pulsos enquanto minha mãe tratou de libertar meus tornozelos. Demorou um pouco para que eu sentisse o sangue voltar a circular novamente de maneira normal nos meus braços e pernas. Meus pais, nesse meio tempo, besuntavam suas bundas de gel lubrificante. Suspirei profundamente. Realmente eu merecia aquele presente…

Fudi, estoico, aqueles dois cus sem qualquer cerimônia. Primeiro meu pai e minha revezavam a minha pika como assento, subindo e descendo dela, como se estivessem em um parque de diversões; depois deitados de lado, onde enquanto um ganhava rola o outro recebia beijos para compensar a espera; e por fim a posição que me levou ao delírio, ao quase desespero de tanto tesão: os dois, meu pai e minha mãe, de quatro, sobre a cama, as bundas totalmente empinadas, pedindo para serem penetradas, definitivamente arrombadas, chamando por mim. Pressionei meu cacete nelas, revezando, empurrando meu músculo estourando de desejo dentro daqueles buracos quentes, úmidos, sedentos do caralho do próprio filho. De vez em quando eu entrava e saia daqueles cuzões abertos, devagarinho, quase sem me mexer, conscientizando-os de cada centímetro do meu pau e de cada movimento da minha cintura, corroborando o vazio que deixava quando preenchia o rabo do outro, deixando o primeiro desesperado para que eu o ocupasse novamente… Claro, não demorava muito tempo para que eu logo voltasse a bomba-los, chegando o mais fundo que eu pudesse, na ponta dos pés, como se quisesse levantar os meus dois coroas da cama, pressionando as costas de cada um deles com movimentos bruscos, misturando nossos corpos escorregadios com o suor daquela trepada torpe, incestuosa…

Cheguei ao meu ápice.

Meus pais se ajoelharam no chão, à minha frente, me encarando enquanto eu segurava firme o meu pau na direção deles para começar a gozar. O primeiro jorro foi direto em um dos olhos de minha mãe e então tentei, num gesto quase transbordando de cólera, alternar todo o restante do meu esperma, esvaziando o conteúdo das minhas bolas, com jatos longos e silenciosos, na cara do Meritíssimo Márcio Antonio e de dona Marta… Quando, enfim, terminei me deixei cair sentado sobre a cama, impaciente, exaurido, não deixando de olhar para os dois, ainda ajoelhados no mesmo lugar… Estavam se beijando, trocando a minha porra espalhada sobre suas faces sem qualquer cerimônia. Diante daquela visão senti minha cabeça rodopiar, meu cérebro pareceu que estava sendo invadido por uma porção de agulhas bastante afiadas; minha visão ficou turva de uma só vez; minha boca amargou e uma sensação crescente de enjoo tomou conta de mim cada vez mais. Não sei como, mas consegui correr até a lixeira que havia em um canto do quarto e me colocar de joelhos a tempo vomitar dentro dela.

Acordei com a televisão ligada passando um telejornal com o compacto do desfile das escolas de samba da noite anterior. Me levantei e sentei na cama sem coragem ou disposição para sair de onde estava. Não sabia quanto tempo tinha dormido, e logo tive a consciência de que não estava me sentindo bem, com algumas dores musculares, uma sensação recorrente de que fui atropelado por um caminhão, a minha língua parecendo peluda e uma batalha épica acontecendo dentro da minha cabeça. Olhei o meu entorno e reconheci que estava no meu quarto. Não me lembrava de como havia chegado até lá e tampouco como estava vestido com a bermuda e a blusa que sempre usava para dormir. Infelizmente a única recordação que me invadiu a mente fora a da transa que tivera com meus pais. Meneei a cabeça com força e tapei o rosto, envergonhado, já imaginando o inevitável primeiro contato com eles depois daquilo tudo que acontecera.

__ Definitivamente jamais pensei que algo parecido pudesse acontecer envolvendo a mim e aos meus pais… Meus próprios pais que me criaram e me protegeram… Uma situação tão inusitada, surreal, proibida até, afinal, o incesto não é visto com bons olhos na nossa cultura. É condenado pela lei, pela moral ou pela religião, causando reações abjetas e de repugnância… __ refleti, pesaroso, os ombros caídos, me sentindo o pior dos seres humanos sobre a face da terra.

Respirei fundo e decidi que ficaria no quarto até um deles me chamar. Certamente iríamos nos cruzar naquele dia. Terça feira de carnaval. Feriado. Todos em casa. Puta que pariu. Voltei a me deitar e fechei os olhos, nervoso, ansioso, aguardando a qualquer momento um grito ou uma batida na porta…

Praticamente quase duas horas se passaram e nem meu pai e nem minha mãe foram a minha procura. Retardar o momento de encará-los era um alivio, de certa maneira, mas eu não poderia viver eternamente no meu quarto, isolado. Reuni forças, cara e coragem e saí, abrindo a porta bem devagar, caminhando pelo andar térreo da casa (onde meu quarto fica) e não demorei a notar um inquietante silêncio. Nada na cozinha, Nada na área de serviço. Os dois carros estavam estacionados. Ninguém na sala. Olhei para o relógio da parede na cozinha, onde voltei para tentar tomar um café da manhã e me surpreendi com o avançado das horas: exatamente 14h40min. Um milagre meus pais ainda estarem dormindo. Nunca os vi depois das 10 horas na cama, mesmo em um dia de feriado… Talvez estivessem cansados pela noite anterior, conclui, acanhado, já sentindo minhas bochechas pegando fogo. De repente ouço ao longe o som da música do toque do meu celular. Bem longe. Coloco instintivamente as mãos no bolso da bermuda e não o encontro; começo então uma busca auditiva. O som, percebo, vem do segundo andar. Subo as escadas paulatinamente, ouvindo o toque do meu aparelho cada vez mais próximo, sentindo meu coração disparar ao ser invadido pela possibilidade de que meu celular poderia estar no quarto dos meus pais, apesar de ser o último lugar provável que eu o poderia ter deixado… O som cessou, por fim, mas só por alguns instantes, o que me permitiu, finalmente, identificar o seu lugar de origem: a alcova dos meus queridos pais. Engoli em seco enquanto me dirigi para frente daquele quarto, respirando fundo, bem fundo antes de parar e bater à porta, mais do que temeroso… Não recebi nenhuma resposta. Permaneci imóvel por alguns segundos. O toque do celular mais uma vez cessou e pelo tempo de silêncio que se fez, me senti incentivado a desistir de continuar a minha empreitada, mas tão logo o seu toque voltou à baila. A pessoa que queria falar comigo estava nervosa ou desesperada… Bati de novo na porta do quarto e ninguém me devolveu uma satisfação sequer. Não tive alternativa a não ser abri-la. Senti minhas pernas tremerem, já imaginando meus pais sendo surpreendidos com a minha presença, deitados sobre a mesma cama onde havíamos trepado algumas horas antes… De qualquer maneira eu não estava preparado para o que poderia encontrar, mesmo depois de toda a intimidade que compartilhamos…

Lá estavam eles: meus pais, os dois deitados sobre a cama, completamente nus, amordaçados, com os pulsos e tornozelos amarrados e com os olhos esbugalhados, parecendo que estavam enxergando algo terrível diante deles. Meu corpo inteiro foi tomado por um calafrio quase incontrolável. O toque do celular não parava. Meneei a cabeça, tonto, e caminhei pé ante pé até alcançar a beirada da cama, onde pude perceber que meus pais, cada um deles, estavam com uma gravata enrolada no pescoço… Mortos.

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