A Minha Vida – terceira parte

No outro dia, assim que acordamos, tomamos mais um banho juntos, ficamos nos abraçando e beijando e voltei pra casa. Novamente, no trajeto eu estava ouvindo Gravity Kills, música Guilty. Canção que fala de sensação de culpa após descobrir um sentimento por outra pessoa, que também é culpada pela sensação. Possui sintetizador muito bem estudado, combinando com uma guitarra pesada e o vocal de auto-penitência. Isto tudo foi apenas coincidência, por incrível que pareça.
No meio de Ouro Preto, parei a moto e coloquei o iPod para reproduzir apenas esta música. Foi um trajeto mágico demais. Estrada muito tranquila, região muito alta com fortes ventos, belas montanhas para todos os lados e esta música. Eu só pensava no Gustavo. Lembrava de tudo que fizemos e como foi tão intenso. Parecia que eu o conhecia há anos. Meu coração tinha breves taquicardias em alguns momentos de lembrança. Eu simplesmente achei o momento perfeito, o Gustavo perfeito. Hoje vejo que Gustavo realmente é um cara bem bonito, mas eu estava começando a ficar cego e achando ele perfeito demais pra mim.
Seja como for, fiquei extremamente feliz quando cheguei em casa. Eu havia experimentado, finalmente, com outro cara. Eu agora conhecia o corpo todinho de um homem e meu corpo foi explorado por um também. E foi um cara sensacional. Um cara ímpar. Mas algo começou a me incomodar: “Gustavo tinha suas experiências sexuais e nem tocamos no assunto de preservativos. Será que ele foi assim com todos? Mas ele é tão bonitinho, tão legal e tão certinho. Mas porra, as piores DST´s não têm cara.”
Fiquei neurado com isso. Eu podia ter contraído uma doença venérea de fácil tratamento até uma sem cura. Eu estava sendo tomado por duas sensações diferentes: felicidade e angústia. Mas pensei: “bom, se eu peguei algo, cabe a mim descobrir daqui há 30 dias. Se voltarmos a ficar, já fizemos sem mesmo, então continue assim (pensamento burro, hoje admito).
Passaram-se 2 dias e muita sms trocada e também conversas no MSN, novamente voltei para Ouro Preto para dormir com ele. No caminho, o nervosismo foi o mesmo do primeiro dia, porém a empolgação era ainda maior.
Cheguei lá anoitecendo e o esperei em uma praça muito bonitinha, com toda arquitetura barroca, perto da república dele. Em 5 minutos depois que mandei sms, ele chegou. Estava meio frio e ele vestia uma camisa fina de manga longa amarela, uma bermuda e chinelo. Eu estava de blusa de couro, camisa branca, calça jeans, tênis e uma corrente (cordão grosso) que sempre usava e ainda uso). Ele me pediu para deixar a moto em frente à república e o capacete lá dentro para darmos umas voltas. Começamos a andar, conversando sobre o quanto ele falava inglês fluente e o quanto queria investir ainda mais nesta língua:
– Chegaram a me chamar pra dar aulas em uma escola de línguas que abriu em minha cidade, mas como vim pra Ouro Preto estudar, não deu. – ele falou.
– E por quê você optou por engenharia ambiental já que gosta tanto de línguas?
– Porquê gosto muito de ecologia, geografia e principalmente a preservação do meio. Mas sei que não é um curso que me dará um futuro promissor.
– Se pra você promissor é ter grande reconhecimento financeiro, pode até estar certo, não sei, pois conheço quase nada de seu curso. Mas se você se sobressair, com certeza terá um futuro bacana pela frente. Agora, se promissor pra você é ter prazer em fazer o que gosta, você já venceu.
– Haha. Não é fácil assim. O campo é muito pequeno também. Mas estou gostando do curso. Vamos ver no que vai dar.
Chegamos em outra praça com uma imensa árvore no meio, com bancos circulares, sentamos e continuamos a conversar. Falamos das experiências sexuais dele, da não aceitação de sua família quando assumiu, dos ex namorados… Falamos do meu passado na adolescência, da minha profissão da qual ele se interessou muito nos casos que eu contava e por ali ficamos umas 2 horas. Me chamou para ir embora para a república. Chegando lá, ele fechou a porta do quarto e já foi logo me beijando com muita intensidade. Retruibuí e ficamos nos beijando. Mesmo eu de calça jeans, sentia seu pinto já bem ereto. Comecei a passar as mão em sua bunda durinha por cima da bermuda e ele fez o mesmo comigo, enquanto nos beijávamos. Trocávamos línguas com muita força. Estávamos muito excitados. Ele tirou minha jaqueta de couro e voltou a me beijar, passando as mãos em meu abdome e tórax me deixando doidinho, enquanto eu passava as mãos em tuas costas. Sentia sua barbinha rala espetando minha boca. Decidi acariciar o rosto dele enquanto nos beijávamos, sentindo sua barba e seu cabelo. Gustavo tirou minha camisa e eu tirei a dele. Nos grudamos e voltamos a nos beijar, com os corpos quentes “atritando” um no outro.
Já começando a ficar fora de mim (como sempre quando minha excitação chega ao auge), parei de beijar ele e tirei o cinto da minha calça, abri a mesma e tirei meu pinto pra fora, durasso e falei: chupa, vai.
– Seu caralho é imenso. Você tinha que ser ator pornô.
– Não exagera. É normal.
– Normal? Eu nunca vi um assim de perto. Olha como é grosso e veja este cabeção. E não tem somente 20 cm como você falou. Tem mais sim. – falou isso balançando meu pinto e olhando pra ele.
– Vai ficar falando ou vai chupar seu homem?
Ele se agachou, abaixou mais minha calça e cueca e começou a chupar. Nooooossa. Eu gemia e olhava pro alto, às vezes fechava os olhos, só sentindo aquela boca gostosa e quentinha nele, deixando-o lambuzado de saliva. Ele salivava e me masturbava, o que me deixara muito doido e meu pinto babava um pouco. Ele sugava a baba. Quando ela acabava, ele apertava meu pau pra sair mais. O menino parecia saber mesmo como me levar à outra dimensão.
Me pediu para sentar na cama, onde fiquei na mesma posição do primeiro dia, encostado na parede. Tirou meus tênis, meias, calça e cueca e ficou me chupando. Agora ele chupava e olhava pra mim. Nunca esquecerei aquele olhar perfeito. Sua boca cheia com meu pau dentro, sua mão direita segurando ele e aquele rosto de bonzinho com aqueles olhos azuis olhando diretamente nos meus. Gustavo ficou assim alguns minutos, quando segurei a cabeça dele e tirei, prendendo a respiração. Quase gozei. Segurei a tempo. Ele começou a chupar minhas bolas sugando-as. Mordia minhas coxas e puxava os pelinhos com os dentes. Novamente voltou a me chupar me olhando. Chupava devagar, porém tentava colocar até onde dava, não conseguindo tudo. Meu tesão era imenso. Meu pau estava todo lambuzado e ver aquele rostinho com a boca cheia bem aberta era sensacional pra mim. Gustavo pegou meu saco com a mão esquerda e ficou acariciando as bolas. O tesão foi só aumentando. Eu olhava pro alto, eu fechava os olhos, eu gemia. Era incrível. Voltei a olhar pra ele que não parava de me encarar e fixei meus olhos nos dele quando novamente fui tomado pela força do orgasmo, porém desta vez uma força ainda maior, me incapacitando de tirar meu pau de sua boca. Gozei, gozei muito na boca dele. Só ouvi um leve engasgo, mas ele continuou chupando. Pressionava meu pau para sair mais porra e não parava de chupar. Vi que ele havia engolido tudo e novamente pensei que Gustavo sabia mesmo me fazer feliz. Ele continuou chupando por mais cerca de 1 minuto, quando meu pau começou a ficar mole e eu sentia um tipo de cócegas enquanto ele chupava. Incomodava mas era bom. Ele percebeu eu me contorcendo e falou:
– É esquisito, né? Dá um nervoso.
– É. Mas pode continuar. Ligo não.
– Hahaha. Você é insaciável.
– Nem sou. Olha como ele está. – balancei meu pau meia bomba pra ele.
– Ele mole é maior que o meu duro e olhe que nem está mole de tudo ainda. Olha. – tirou o pau durinho dele pra fora, abaixou a bermuda e cueca até os joelhos e sentou-se ao meu lado, comparando os paus. O dele estava todo babado.
Olhei pro seu rostinho e beijei ele. Senti aquele gosto de porra na boca. Não muito agradável, afinal, era minha. Se fosse a dele teria muito mais graça. Mas ficamos nos beijando assim. Comecei a punhetá-lo e ele começou a gemer. Nos mantivemos assim por uns 3 minutos. Tirei o restante de sua roupa e o deitei na cama do lado da parede. Fiquei acariciando seu rosto olhando em teus olhos. Não falamos nada. Ele estava com um sorriso legal, feliz. Tive que voltar a beijá-lo, acariciando seu rosto e cabelo. Os minutos se passavam e seu pau continuava muito duro, roçando em mim. Acariciei a bundinha dele e ele acariciava minhas costas. Meu pau voltou a subir lentamente. Foi subindo, subindo e pronto: estava durão de novo, roçando no pau dele. Ele começou a me punhetar enquanto nos beijávamos e fui para o meio da bundinha dele com a mão direita. Encontrei seu cuzinho quentinho com o dedo. Como eu queria entrar ali de novo.
Larguei sua boca e foi para baixo, novamente na posição 69 de lado. Seu pau de frente pra mim, branquinho e tão bonitinho. Comecei a chupar, ele gemeu e fez o mesmo comigo. Coloquei meu pé esquerdo apoiado no direito e fazia movimento de vai-e-vem em sua boca, meio que fodendo ela de levinho. Ele gemia mais. Lambi seu saco e meu nariz estava apontado para seu cu. Mesmo agora no mínimo 3 horas sem banho, seu cu não possuía cheiro algum. Não tinha cheiro bom, mas também não tinha cheiro ruim. Caí de língua em seu cu, quando Gustavo larga meu pau e geme mais alto. Passei minha mão direita por baixo de sua cintura e forcei ele a vir pra cima de mim. Agora estávamos em um 69 com ele em cima. Ele me chupando e me masturbando com seu cuzinho direto no meu rosto do qual voltei a lamber. Enfiava a língua o quanto podia, mas não entrava muito. Abri bem sua bundinha arreganhando bastante seu cu, o que me permitiu entrar ainda mais com a língua. Eu estava com muito tesão e Gustavo gemia demais e agora rebolava em meu rosto.
Dei puta tapão em sua bunda, tirei meu pau da sua boca, saí da posição, ele só olhando, virei ele de costas e me deitei sobre ele. Comecei a roçar meu pau em seu cu e mordendo suas orelhas. Ele gemia e beijava minha boca enquanto eu forçava a entrada sem sucesso algum. Mas insisti e continuei forçando e ele rebolando, me beijando.
– Você é um tesão em pessoa. – disse ele.
– Não mais que você.
– Espere. Preciso desse pauzão em mim. – e se levantou, voltando com creme de cabelo de novo.
Lambuzou meu pau com o creme, deitou-se de bruços e posicionei meu pau em seu cu.
– Devagar no início. É muito grande isso.
– Eu não vou te machucar. Confie em mim. Sinta a cabecinha entrando.
Forcei meu pau e a cabeça entrou. Ele gemeu mordendo o colchão, acredito que de dor, por isso parei ali, não tirando e nem colocando mais. Me deitei sobre ele evitando deixar o pau entrar mais. Fiquei mordendo suas orelhas e ele voltou a me beijar. Meu pau foi deslizando lentamente em seu cu e Gustavo mordeu forte minha língua, rebolando e gemendo. Vi que agora ele estava pronto. Comecei a bombar levemente até apenas a metade do pau. Agora eu estava apoiado sobre o colchão e não sobre tuas costas. Ele rebolava muito. Fui colocando o restante devagar e como não houve nenhum “protesto” dele, deixei entrar tudo. Incrível sentir ele todo por dentro. Eu estava dentro de Gustavo. Éramos quase uma pessoa só agora. Me deitei sobre ele novamente e senti tuas costas suadas. Eu também estava suando. Comecei a bombar mais forte e ele continuava rebolando. Fui mais forte ainda a ponto de fazer barulho alto. Me apoiei sobre o colchão de novo e bombei ainda mais forte, até bombar o mais forte que eu conseguia. O cu dele apertando meu pinto, tuas costas suadas, seus gemidos e aquela sensação de “ser o homem dele” por fazer sem dó agora me deixou descontrolado novamente… e gozei. Gozei gemendo e cuspindo no fundo do cuzinho dele, agora segurando sua cintura.
– Ai. Goza, vai. Jorra seu leite em mim.
– Toma, minha delícia. Sente minha porra no teu cu.
– Meu homem, meu pauzudo, jorra tudo.
Me deitei sobre ele, suados e cansados. Ambos ofegantes. Meu sono é imediato quando gozo e iria cochilar com o pau dentro dele, quando ele se vira de lado, me pressionando contra a parede com força com sua bunda e começou a se masturbar. Ficou rebolando e batendo forte e gozou. Foi outro puta jato. Bem longe mesmo. Senti seu cuzinho piscando e apertando meu pau enquanto gozava. Cada descoberta pra mim era sensacional.
Abracei ele nesta posição mesmo e assim ficamos. Ele disse que iria apagar a luz mas segurei ele forte.
Ele estava mexendo-se demais e eu ouvia um som estranho. Caralho, eu havia cochilado. Gustavo estava pegando seu iPod e ouvindo música. Não percebi ele fazer isso. Devo ter dormido uns 5 minutos e meu pau já estava fora do cu dele. Nem notei sair.
Ele viu que acordei e me deu um fone e ficamos ouvindo Bjork que ele tanto gostava juntos. Pedimos algo para comer e fomos para o banho rápido antes que a entrega chegasse. Comemos e dormimos. Ao amanhecer, transamos mais, porém mais suave e com mais carinho.
Voltei para minha cidade e eu realmente não conseguia tirar Gustavo da minha cabeça. Trocávamos sms toda hora, exceto em meu horário de trabalho e enquanto ele estudava (seu período era diurno).
As neuras quanto ao nosso sexo sem proteção continuava. Mas eu estava feliz, pois ele realmente gostou de mim. Um cara tão centrado, tão certinho e tão bonito não parava de me mandar sms perguntando o que eu estava fazendo ou falando putaria.
Continuei voltando pra lá quase todos os dias. Transávamos demais, andávamos pela cidade juntos, lanchávamos, riamos muito. Ele me cativou. Eu não conseguia olhar pra mais cara nenhum. Parecia que ele era único. Eu estava feliz e me sentindo muito bonito, afinal, cativar um cara desses e fazer o que quiser com ele não devia ser pra qualquer um.
Minha ex me ligava sempre querendo conversar e eu sempre fugia. Me procurava no MSN pedindo para dar uma chance para apenas conversarmos, e eu sempre falava que estava cansado ou algo do tipo.
Me sentia mal em fugir dela. Uma pessoa que dedicou a adolescência a mim. Tivemos uma história perfeita. Uma pessoa que me tirou do fundo do poço. Eu não podia mais ignorar. Eu amei demais aquela guria. Até que consenti que podíamos conversar e busquei ela em sua casa. Chegando na minha, ele logo começou a chorar e me abraçou. Fiquei sem chão. O cheiro do seu cabelo, seu jeitinho delicado… que saudades daquilo. Meus olhos se encheram também, mas evitei derramar lágrimas. Ela perguntou como eu estava e conversamos bem pouco quando ela me beijou. Seu beijo, a primeira boca que senti na vida, não resisti e dei continuação no beijo. Ficamos nos beijando e me senti excitado. Parei na hora e disse que ainda não tínhamos dado tempo suficiente para nós. Ela achou que eu estava com outra e ficou muito mal, mesmo eu negando isso. Me pediu para levá-la embora e disse que me amava muito e que iria respeitar este meu espaço. Mas não imaginava uma vida sem mim.
Na volta pra casa, o Diego monstro estava acordado novamente. Eu não sabia mais discernir o certo do errado. Estava me apaixonando por Gustavo mas não havia deixado de amar Nicole. Minhas vontades sexuais eram muito fortes agora em relação a homens, mas me excitei apenas em beijá-la. Sabia que não estava traindo Gustavo, pois não havíamos entrado em acordo algum sobre fidelidade ainda. Mesmo assim me senti mal com nosso beijo. Me sentia mal pelo Gustavo em ter beijado Nicole e me sentia mal em deixar aquela menina incrível triste. Minha vida teve uma transformação muito rápida de felicidade para angústia.
Gustavo era incrível, muito inteligente e falava minha língua. Mas estava conhecendo-o ainda. Nicole eu conhecia desde criancinha e sabia tudo sobre ela e ela sobre mim. Foi quem me deu muito sexo e muitos momentos de prazer. Nicole também muito inteligente e centrada na vida. Mas que porra. O que eu deveria fazer? Volto pra Nicole e tento ser feliz com ela? Dou uma chance para ver se consigo ser feliz ao lado de uma menina? Ou abandono tudo e continuo com Gustavo, pedindo algo sério a ele?
Passei dias pensando e sem ir a Ouro Preto. Sentindo pressão dos dois lados, tomei minha decisão: voltei para Ouro Preto para ver Gustavo… mas foi diferente, muito diferente:
– Velho, preciso trocar uma ideia contigo e você precisa me escutar muito. – falei.
– O que está acontecendo?
– Estou numa situação muito complicada, velho. Eu não sei o que fazer da minha vida. Estou sozinho e não tenho ninguém pra me ajudar nesta decisão.
– Fala logo. Estou ficando nervoso.
Expliquei tudo ao Gustavo, porém evitei falar que estava em dúvidas e disse que voltaria pra minha ex. Gustavo manteve um momento de silêncio, deitou-se na cama, tapou o rosto no travesseiro e começou a chorar. E chorava muito. Abracei ele pelas costas e disse para não ficar assim. Me deitei sobre tuas costas e também chorei, mas em silêncio.
Não conversamos por um bom tempo. Ficamos apenas nesta posição. Até que ele disse:
– Bom, então melhor você voltar pra sua xana lá.
– Não fala assim. Ou, você não sabe o que estou passando.
– E você sabe o que estou passando? Fui usado por um cara manipulador. Pensei que você fosse um menino legal e com bons sentimentos, mas não se passa de um egoísta.
– Gustavo, eu não sou isso. Eu gosto demais de você, velho. Você me mostrou coisas incríveis…
– Para de falar. Chega de mentiras. Não mereço isso. Volte pra ela.
– Gustavo. Calma velho.
– Calma o caramba. Volte pra ela, volte pra sua vida. Você já se divertiu demais. Não tenho mais nada pra falar contigo.
Me sentindo “expulso” da república, saí. Ele me acompanhou até a porta e eu disse que ele era de grande importância para mim. Mas fechou a porta enquanto eu falava.
Voltei chorando para minha cidade. De qualquer forma, alguém iria sofrer nesta história. Mas esqueci que eu também sofreria. Cheguei, comi algo escovei dentes e fui dormir. No outro dia, depois do trabalho, liguei para Nicole pedindo para pegá-la em sua casa e levá-la para a minha. Disse que era pra avisar sua mãe que iria dormir lá.
Nicole estava visivelmente feliz ao telefone. Peguei-a, fomos para minha casa e transamos. Foi muito bom. Dei muito carinho a ela e era muito bom ver aquele rostinho sorrindo de novo. Eu machuquei ela. Fiz o possível para não machucar mas mesmo assim feri a menina. Eu tinha que consertar. Mas do outro lado havia alguém também muito especial ferido.
Eu oscilava entre estar feliz em ver Nicole feliz e triste em lembrar do Gustavo. Que confusão do caralho. Nada parecia estar certo, nada. Afinal, o que me faria feliz?
Passaram-se alguns dias e fui lembrando de que Gustavo me fazia feliz e eu sabia que Nicole iria sair daquela situação ruim em que a deixei. Porém, com Nicole eu lembrava de Gustavo que achava que eu tinha enganado, feito de idiota e estava mal. Mesmo assim, fui levando os dias. Mas eu não era o mesmo. Nicole, incrível, estudando muito para passar na federal, muito legal e brincalhona não conseguia trazer o Diego da escola de volta.
É. Parecia que fiz a decisão errada. Eu queria o Gustavo e sentia falta demais dele e também queria mostrar que eu não fiz por mal. Errei, mas tentando não deixar ninguém sofrer. Isso não ficaria assim. Gustavo não iria ter essa ideia errônea de mim.
Em torno de 20 dias com Nicole e sem conversar com Gustavo, levei-a para minha casa e disse que precisava novamente de uma conversa. Porém muito mais séria:
– De novo, Diego? O que é desta vez? Vai me deixar de novo? – disse Nicole.
– Não, minha gatinha. Você quem me deixará. – falei cabisbaixo.
– Por quê? O que você fez?
– Não sei se consigo falar.
– Me fala. Sou eu, a sua mulher que tem você a vida toda ao lado.
– É estranho. Não sei o que falar, Nicole.
– Deixa sair. Fale. E não vou terminar com você. Seja lá o que você tiver feito, estarei contigo. Você atropelou alguém e não prestou socorro? É isso?
– Claro que não. Como eu faria uma coisa dessas sendo que meu trabalho é tirar a dor das pessoas e lutar pela vida?
– Está usando algum tipo de drogas?
– Não. Você sabe que jamais.
– Ficou com outra menina e ficou confuso?
– Ah… É…
– Foi isso? Mas então você já fez o que queria, já que queria conhecer outras pessoas.
– Sim, mas é diferente.
– Você transou com ela?
– Apague a luz que te falo. É tenso demais isso e não saberei falar isso com você me olhando. – ela apagou.
– Agora fale.
– Eu não consigo. – e comecei a chorar do nada, soluçando.
– Fala, Diego. Vou fazer o possível pra te ajudar. Não me deixe mais angustiada. Mereço saber.
– Eu fiquei sim com outra pessoa.
– Sim, eu imaginei. Mas e o que ela tem de tão especial?
– Nicole, minha Nicole. Olha… não é ela…
Alguns segundos de silêncio.
– Como assim? Fiquei confusa agora. Do que você está falando?
– Você entendeu. Não consigo ser mais claro que isso.
– Eu não entendi mesmo. Só veio à minha cabeça que se não é “ela” é “ele”. Viu? Nada a ver o que pensei. Me explique.
– Mas é isso Nicole. É “ele”.
Mais silêncio…
– Você está tentando terminar comigo inventando isso, Diego? Basta terminar. Eu sofro sem você, mas terei que aceitar que não me ama mais. Mas pra quê mentir assim?
– Não estou mentindo, Nicole. Alguma vez menti pra você em algo?
E iniciei um choro tão descontrolado que Nicole me abraçou e disse que ficaria tudo bem. Eu era uma pessoa muito ligada a sexo e deve ter havido uma confusão em minha cabeça. Disse isso e outras palavras de conforto. Fiquei apenas ouvindo até que me pediu para leva-la embora.
Na volta, eu estava arrasado. Assumi para minha ex que havia ficado com um homem. E uma ex recente que me amava muito e eu amei também. Mas achei que ela deveria saber. Nunca menti para Nicole em nada, mesmo ela sendo um pouco ciumenta. Mas nunca houve mentiras em nosso relacionamento. Ela tinha o direito de saber.
Dois dias depois, minha irmã me liga dizendo que estava vindo de BH. Ao chegar em casa, disse que havia passado na casa de Nicole primeiro, pois ela queria muito conversar com minha irmã. Nicole estava arrasada e disse que eu era gay e que havia me escondido atrás dela todos estes anos. Falou isso pra família inteira e pretendia falar para meus amigos, pois eu poderia dar em cima deles. Fiquei besta com estas palavras. Como tudo estava desmoronando mesmo, assumi para minha irmã que tive uma experiência homo sim e que eu queria investir nisto. Minha irmã foi muito compreensiva e disse pra eu ver o que me faria mais feliz, mas era pra ter cuidado, pois Nicole estava alterada demais.
Caralho, nem parecia a menina tão compreensiva do dia em que falei para ela. Mas talvez fosse apenas uma reação de susto, trauma.
Decidi que eu mesmo contaria para meus amigos. Assim também eu saberia quem era amigo de verdade. Pedi à minha irmã para não contar para minha mãe e irmão, pois eu falaria. Ela concordou.
Dois dias se passaram e inicio uma conversa com Gustavo no MSN.
– Opa. Tudo bom? – digitei.
– O que você quer?
– Quero conversar contigo, esclarecer tudo. Me deixe falar.
– Velho, você foi a pessoa que mais me fez chorar nos últimos anos. Eu não entendi você. Acreditei em ti. Você é dissimulado, mentiroso.
– Gustavo, eu não sou isso. Deixe-me te explicar tudo, vai? Vou te ligar, ok?
– Tá. Liga.
Liguei e falei tudo. Expliquei todos os detalhes e Gustavo me entendeu, pois estava conversando sem arrogância comigo agora. Fomos mantendo uma conversa até que perguntei a ele se eu podia voltar pra lá e nos reatarmos. E também queria trazê-lo para minha casa.
– Diego, neste dias sofri muito pensando em você. Tentei usar algum outro cara pra esquecer de você, apenas para passar esse tempo ruim, e conheci um segundo “você”.
– Como assim?
– Estou ficando com um menino que tem muito das tuas ideias. Ele é quase você e isto me confortou muito. Ele está gostando muito de ficar comigo e ele não sofre de bissexualidade.
– Gustavo, eu não sofro disso. Pode ser fase que passei. Não sei explicar. Mas fato é que quero você, velho. Eu resolvi tudo.
– Diegão, me desculpe. Mas estou em outra.
Estas palavras acabaram comigo de vez. Gustavo se recuperou rápido logo agora que eu havia decidido de vez o que fazer da minha vida. Desligamos os telefones e parecia que eu iria iniciar um processo de depressão.

Avalie esse conto:
PéssimoRuimMédioBomExcelente
(0 Votos)
Loading...