jan 4 2017
A Outra Face de Minha Mulher
Me chamo Rogério, e casei cedo com Cris. Ela tinha apenas 17 anos, e eu 25 anos. Lembro como se fosse ontem de nosso namoro, o amor que sempre sentimos um pelo outro. Mas no fundo dos olhos dela sempre vi segredos, algo de misterioso que não pude entender na época, e como ela sempre foi um pouco calada, silenciosa, acabamos nunca conversando sobre isso. Uma mulher muito bonita, de aparência simples e delicada, tão branquinha, pequenina… Tem longos cabelos cacheados negros, que sempre adorei ver espalhados sobre o lençol branco de cetin que ganhamos de minha sogra no nosso enxoval. Hoje Cris tem 25 anos, e eu, já com meus 33, fui aprender que a vida não é como a gente pensa, ou como muita gente gostaria.
No início de 2005 fiquei desempregado por mais de seis meses, e acabamos enfrentando algumas dificuldades financeiras, o que atrapalhou muitos planos nossos. Tivemos que repensar o filho que planejávamos ter até o final de 2005, pois já estávamos endividados pelos dois anos seguintes. E fatalmente, Cris teve que começar a trabalhar. Revirando os classificados, achamos um escritório contábil, ela tinha noções de secretariado, e acabou indo fazer uma experiência. Eu, de meu lado, fui me virando, fazendo “bicos” como garçom, coisa que eu particularmente odiava. Mas a necessidade nos ensina a suportar. Passaram-se aproximadamente dois meses
Certo dia, cheguei em casa antes do previsto, sabia que ela sairia para trabalhar em menos de meia hora. Quando entrei em casa, ela estava no banheiro, e não ouviu a chave na porta. Logo pensei em fazer uma brincadeirinha, e dar-lhe um susto. Foi quando vi tocar o telefone, e atendi rápido para que ela não escutasse, e fiquei em silêncio, apenas para ouvir quem falava, se não fosse nada sério, desligaria sem atender, e daria seqüência na brincadeira. Porém, diante meu silêncio, ouvi uma grossa voz masculina:
– Oi, sou eu – Fez-se uma pequena pausa, e eu não reconhecia aquela voz – Alô… Alô… Não pode falar? Ela está por perto? Todo bem, só vou avisar então. Vem com a aquela vermelha. Vou me atrasar uns 20 minutos. Até. – E desligou.
Fiquei alguns instantes pasmo. Não conseguia nem mesmo pensar, pois não fazia o menor sentido. O desatino era tamanho, que nem ao menos tirei o telefone da orelha, ficando aquele zumbido de sinal de linha até cair o sinal de ocupado. E eu, que momentos antes planejava dar um susto em Cris, fui surpreendido por ela, que saia do banheiro enrolada numa toalha, bastante admirada ao me ver alí parado com o telefone na mão.
– Chegou cedo, querido! Quem era no telefone? – Sua voz tremeu, pude sentir que ela aguardava aquela ligação. Fervi por dentro, mas disfarcei.
– Engano, amor. Fui liberado mais cedo hoje. Vais trabalhar normalmente? – Perguntei desajeitado, por não saber o que dizer.
– Claro que sim, por que não trabalharia?
– Só pra saber. – e dei um sorriso, tentando parecer normal, e notando que ela estava levemente nervosa.
Nem bem ela foi ao quarto vestir-se, fui rapidamente em sua bolsa, mas não achei nada diferente, exceto um estojo de maquiagens, coisa que ela nunca foi e usar. Mas me mantive calmo, procurei não pensar nisso. Esperei ela se vestir, fui natural, e fiquei na cozinha preparando algo para comer, como se nada diferente me ocorresse. Ela me deu um beijo, e foi para a parada do ônibus, que ficava umas duas quadras de nossa casa.
Pela primeira vez nesses 8 anos, desconfiei de Cris. Deixei o lanche sobre a mesa, assim que ela saiu, e muito discretamente, fui atrás dela. A vi embarcar no ônibus, e corri até o ponto de taxi na pracinha na frente da parada. Pedi o motorista que acompanhasse o ônibus de longe. Estava disposto a gastar bastante para descobrir o que estava acontecendo.
Ela de fato desembarcou no escritório, que era dividido entre dois advogados e dois contadores. Ela entrou rápido, e eu aguardei uns 10 minutos, para depois entrar também. As salas eram separadas, e a dela era a mais do fundo. Disfarçadamente, fingi que queria falar com o advogado da sala mais da frente. Entrei na sala, que era toda de divisórias de vidro fosco, não era possível identificar fisionomias nem dentro, nem fora. Mas foi possível observar que ela não saiu mais da sala desde o momento em que entrou. Consegui enrolar o advogado por mais de meia hora, até que ele começou a notar que eu realmente não tinha nada sério para tratar. E acabou me dispensando, alegando que tinha casos importantes para estudar.
Saí de sua sala, mas fiquei ali pela recepção por mais um tempo, até ver a porta por onde Cris entrou abrir, e me ocultei discretamente. Vi que ela saiu e entrou no banheiro, que era coletivo, do lado de fora. Logo depois dela, saiu o contador pra quem ela trabalhava. Era um homem de uns 45 anos, levemente grisalho, trajava um terno quando entrei, mas agora, estava somente de camisa e calça jeans. Não era a mesma calça de quando cheguei. Ficou claro. Ele passou por mim na recepção, perguntou se eu já tinha sido atendido. Era a mesma voz do telefone horas antes.
– Sim, já fui atendido, estou aguardando o Doutor aí – apontando para a porta de onde eu saí.
– Está bem, se precisar de um bom contador, não esqueça de me procurar. – E me passou um cartão de visita. Meu sangue fervia.
Eu chegava a sentir náuseas. Mas rapidamente fui até o escritório dele, aproveitando que ele tinha saído para a rua, e que Cris estava ainda no banheiro. Dei uma olhada rápida por cima da mesa, podia sentir um cheiro forte no ar. Algo tinha acontecido alí. Olhei para a lixeira, e entre papéis amassados, uma camisinha usada, marrada com um nó. Quase caí e joelhos no chão, uma dor aguda e profunda, e destruição total da mínima esperança que eu tinha de estar enganado. O destino era cruel comigo me permitindo ver aquilo acontecer. Desatinado, agachei-me, e juntei a camisinha do lixo, sem pensar, e coloquei no bolso do casaco. Saí ligeiro, pra não ser visto, praticamente correndo, e fui pra casa.
A sensação era desoladora, comecei a imaginar o que eu faria, se daria uma surra nela quando chegasse… Mas nem mesmo sabia fazer isso. Pensei em manda-la embora, ou em ir embora. Mas nada parecia próprio naquele momento. Enfiei a mão no bolso sem lembrar o que tinha nele, e ao sentir os dedos em contato com o látex da camisinha, foi impossível conter as lágrimas. Chorei de forma compulsiva. Não podia imaginar minha linda menina me traindo, transando na sala ao meu lado com um desconhecido. Tirei a camisinha do bolso, já desprovido de nojo. A sensação de derrota era tão terrível, que seria capaz de comer bosta sem sentir o gosto.
Ergui a camisinha na frente do rosto, estava cheia de esperma. Muito cheia. Ocorreu-me de forma bizarra o tamanho do prazer que ele sentia. Notei que era uma camisinha maior que o normal, muito grande. Olhava o esperma escorrendo de um lado ara outro ali dentro, remoendo minha dor de homem traído. Mas algo de estranho foi acontecendo.
Eu já estava havia 3 horas deitado naquele sofá, pensativo. E lentamente aquela dor toda foi se esvaindo, até se tronar um leve cansaço. Desânimo, indiferença. Mas não mais tristeza. Era estranho. A camisinha ainda era usada quase como um terço, onde eu esfregava o polegar contra o indicador. De repente, com olhar perdido no horizonte, senti o líquido já frio escorrer por entre os dedos, mel nado minha mão e minha perna. A camisinha arrebentara de tanto ser manipulada. Aproximei a mão dos olhos, e senti o forte cheiro de sêmen, e a dor invadiu-me o peito de forma devastadora. As lágrimas explodiram, e tive convulsões de tanto chorar.
– “Como ela pôde, como foi capaz…!” – com as duas mãos no rosto, como se fosse possível esconder de mim mesmo minha vergonha, mal pude perceber que misturava a gala de outro macho com minhas lágrimas. Num reflexo incompreensível, comecei a morder os dedos melados, provocando dor, sentindo por entre os dente, o gosto daquela gala que destruía minha dignidade.
Já eram quase 8 da noite quando ela chegou, com um olhar indiferente, me cumprimentando de forma rotineira. Eu já estava refeito, apesar dos olhos muito inchados.
– Amor, você chorou de novo…! Eu sei, querido, eu sei. Estar desempregado não é fácil, mas a gente vai superar essa, a gente vai conseguir – dizia ela, abraçando-me carinhosa. – A gente já passou por coisas terríveis, mas não é isso que vai nos desanimar. Estou trabalhando, pelo menos, o mínimo não vai nos faltar, eu te prometo.
A sensação que me invadiu foi a de humilhação e alívio… Toda a minha raiva reverteu-se em amor explosivo e forte, agarrei Cris pelo maxilar, e beijei-a como havia anos que não beijava. Senti raiva novamente, durante o beijo, mas fui forte, não deixei transparecer. Momentos depois, eu ignorava o que ocorrera, de forma estranha, nem eu mesmo explicaria. Procurava em mim a culpa pelo que aconteceu, ou mesmo, procurava alguma chance de aquilo ter sido um engano meu.
Depois da janta, fomos pra cama, ela se disse muito cansada, justificou-se dizendo que tinha colocado em dia o arquivo inteiro do Chefe. Mas fui persistente na clima de sedução, queria procurar detalhes. Ela, aos poucos, foi cedendo, mas tentou de todas as formas evitar que eu lhe fizesse oral. Disse que teria usado uma “pomada”, que poderia estar com um “gosto estranho”. Senti ali que minhas chances eram quase nulas de estar enganado.
Ela estava deitada de costas, ensaiávamos um papai-e-mamãe. Não aceitei sua recomendação, e fui descendo por seu ventre. Vi que neste momento, ela virou o rosto para o lado, tentando puxar minha cabeça de volta. Segurei suas mão e fui descendo. Ceguei na sua vagina e,mesmo após um demorado banho, pude sentir o suave cheiro do preservativo que ela… de fato usara. Era estranho… Eu estava ali, chupando a vulva de minha esposa algumas horas depois de ela ter sido comida por outro cara, isso me dava voltas no estômago. Mas eu não parei. Senti, com os olhos apertados, lágrimas escapando. Mas não deixei que percebesse, iria ser um segredo, por hora. Senti na língua o gosto característico de pequenos machucados, esfoladinhos provavelmente ocorridos na penetração, e por causa da camisinha, que sempre “trava” um pouco. Meu coração parecia trêmulo, uma sensação amarga na boca do estômago. Senti que as paredes da vagina dela estavam largas. Subi até seu rosto, e olhei em seus olhos. Vi ela tomada de um medo terrível, disfarçado num sorriso tímido.
– Querido, disse que estou com pomada, não disse?
– Sim, Cris. Eu sei. – não fui capaz de dizer outra coisa, seu sorriso me seduzia
– Vem pra mim, vem meu amor – disse ela, um pouco nervosa, abraçando-me e escondendo o rosto na minha face.
O angulo fez naturalmente a penetração acontecer, mesmo ela não estando lubrificada. Não estava excitada, eu podia sentir. Pois estava nervosa, tentando disfarçar o indisfarçável. Meu pênis entrou fácil, e provocou a lubrificação rapidamente. Sentia que ela estava muito larga, praticamente arrombada. Eu quase não podia sentis as paredes de sua gruta me acolherem, fiquei imaginando o tamanho do membro que poderia deixar uma mulher assim… Ou então, a forma como poderia… Não sei explicar as razões, mas senti-me excitado com aquilo tudo, apesar de humilhado. Comecei a estocar sem controle, abandonando meu jeito carinhoso que sempre foi próprio de mim. Desordenadamente, minha pélvis chocava-se com a dela, e em menos de 10 minutos, eu já estava esvaindo em orgasmo, sem ao menos importar-me com ela… Quando me ocorreu, senti culpa, mas logo tomou-me a lembrança de que provavelmente ela já tinha tido alguns naquela tarde. Senti-me um lixo.
Adormeci rapidamente, não queria ver o rosto decepcionado dela. Preferi esquecer aquele dia, tentando acordar de manhã com outras coisas na mente. Mas, adivinhe, a primeira lembrança que tive, foi a cena da camisinha cheia de porra daquele cara. E dele me dando seu cartão. Que cretino, minha menina, tão meiga e delicada… Era sua… Sua puta, no escritório. Manhã difícil.
Quando fui ao banheiro, com a costumeira ereção matinal, tive vontade de fazer algo que havia muito que não fazia… Me masturbei. E inevitavelmente, me vinha à mente a construção da cena de Cris sendo comida por aquele cara no escritório. Me alucinei de pensamentos inaceitavelmente obscenos, aumentei o ritmo da masturbação até que… Vi meu sêmen jorrar na parede, e escorrer pelos azulejos brancos estampados. Algo estava me transformando… E isso não acaba aqui.
Depois do episódio do banheiro, senti uma vergonha enorme ao me olhar no espelho. Parecia não fazer sentido tudo o que estava acontecendo, muito menos as coisas que eu sentia. Resolvi dar um tempo, deixar as coisas como estavam, não me sentia pronto para tomar uma decisão. Decidi não contar a ela que sabia, e esperar um momento certo pra chutar o balde de uma só vez.
Na mesa do café, fiquei olhando ela ainda de pijama, silenciosa como normalmente é. Tentava imaginar se na cabeça dela ocorriam lembranças do que aconteceu na tarde do dia anterior. Parecia tão séria, tão calada. Como se não pensasse em nada senão naquela xícara de café que fumegava em sua mão.
Sua pele tão alva, tão delicada. Aqueles cabelos tão cacheados. Seus seios pequenos, bicudos, ainda lembravam os de uma menina na puberdade. Tinha cara de criança, parecia mais jovial do que quando casamos. Seu mamilos espetavam o pijama semitransparente, e seu olhar distraído não nem me notava à sua frente, já me excitando como que via. Me ocorreu então que havia muito tempo que eu não me sentia excitado apenas em observa-la. Aquela situação toda, apesar de tão constrangedora, tinha um lado místico. Minha mulher dando pra outro cara, eu fingindo que não sei, e de uma hora para outra, começo a sentir mais tesão por ela. Era muito estranho.
As horas passaram rápido, ela preparou o almoço, despediu-se e foi trabalhar. Naquele dia, comecei a planejar como faria para saber a quanto tempo aquilo vinha acontecendo. Não tive trabalho neste dia, não estava fácil arrumar uma vaga de garçom não profissional. Acabei tendo o dia para planejar. Saí no horário habitual, à procura de empregos. Cheguei a ser entrevistado numa empresa, achei que poderia se abrir uma porta, e encerrei o dia cedo.
Nem 3 da tarde, fui voltando pra casa para fugir daquela tarde terrivelmente quente. Desembarquei do coletivo e fui rumo à nossa casa, e qual não foi minha surpresa quando me deparei com um carro estacionado na frente de casa. Nossa vizinhança toda sai durante dia, e retornam somente à noite. Logo concluí que para Cris não seria difícil frequentar nossa casa com o amante sem jamais ser denunciada. Mas não contava nem um pouco com meu retorno mais cedo. Saquei de cara.
Entrei discretamente no quintal, contornando a casa silenciosamente. Resolvi entrar pela área, pois não seria ouvido por ela… Ou melhor… Por eles. Quando me aproximei da porta, escutei as vozes, estavam próximos demais da área, tive que me esconder. Uma pequena janela que ventilava a cozinha me serviu de observatório. Pelo canto da cortina vi o inimaginável, que tentarei descrever:
Seu cabelos cacheados, soltos e esvoaçantes, cerca de 15 centímetro de distância de onde eu estava. Estava debruçada por cima da pia com a cabeça baixa. O espaço da cortina não me permitia ver muito, tive que ir me posicionando para ver a cena por completo. Um som estranho, ritmado, parecendo um desentupidor de pias numa pia cheia de água. Pela resta da cortina, só enxerguei o cabelo, parte das costas de Cristina, e um braço de homem, ora agarrando seus cabelos, ora segurando-a pelas costas. Ele agarrava com muita força as costas dela, pois ficavam as marcas avermelhadas que iam esbranquiçando, de seus dedos afundados na carne dela.
O som era perturbador, fiquei totalmente zonzo. Os solavancos dele contra o corpo dela sacudiam toda a pia, fazendo com que as panelas dentro do armário ficassem se batendo.
– Vai sua puta, vai! “Güenta” essa vara, vai! “Güenta”! Tá doendo? Tá? É pra doer mesmo, vou te arrombar todinha, minha putinha!
Me anojei completamente com a cena, minha vontade era entrar lá e acabar com aquele cara, e cheguei a me preparar para entrar, totalmente trêmulo. Estava disposto a matar aquele cara… Mas foi quando ouvi a voz dela em resposta ao que ele disse, e voltei a espiar:
– Tá, tá… Isso, mete tudo então, mete, vai, forte, mais forte.. Aahh, mais forte, seu cavalo, mais forte!
E um estalo forte fez com que por reflexo eu cerrasse os olhos num instante. O tapa que ele desferiu na sua delicada bundinha branca era quase desumano. Arregalei os olhos de tão desesperado com a situação, fiquei atônito… Outros dois estalos se seguiram, e um forte grito ela, bem conhecido por mim, me anunciaram que minha interrupção não seria bem-vinda… Ela gozou, e os tapas foram a causa de seu clímax. Meu corpo amoleceu, achei que e fosse cair no chão, incrédulo. Um silêncio de quase um minuto se fez. E ela rompeu com sua voz doce, atirada por sobre a pia. Ele, eu não o enxergava. Não era possível, e eu tinha medo e afastar a cortina e ser visto.
– Seu puto, me deixou toda marcada, já te disse pra não fazer isso!
– Eu sei que tu gosta princesa, não te faz de santa. – disse ele, sarcástico.
– Claro que gosto, mas não me deixa marcada, tá? Olha aí – dizia ela, ainda debruçada, apenas olhando para trás.
Neste memento, consegui achar uma posição que me permitiu vê-lo, de camisa aberta e calças arriadas. Ele segurou a base do pau, provavelmente pra segurar a camisinha, e foi puxando. Ela deu um gemido baixou, e tão logo ele terminou de tirar, virou-se rápido, se ajoelhando aos seus pés. Por um instante, deu-me uma visão estarrecedora… o membro do cara era enorme, devia ter uns 20 cm. Mas isso era o de menos, sua grossura era anormal, parecia uma garrafa, não imagino que cara de admiração eu fiz. Cris, aos seus pés, foi tirando cuidadosamente a camisinha dele, que estava muito apertada e esticada.
A camisinha rasgou-se na tentativa, e pude ver os esperma dele espirrar no corpo e rosto dela. Ela simplesmente começou a chupa-lo, abocanhando com alguma dificuldade aquela imensa vara.
Toda a minha sensação de tensão parecia ir sendo anestesiada, como se eu estivesse finalmente me conformando com aquilo. Mas foi e súbito que me peguei alisando meu próprio pau, que estava duríssimo. Mas me condenava por isso, não devia me excitar, pois me envergonhava. Num instante, baixei os olhos, observando o estado de ereção em que eu estava, e era inacreditável. Mas, para meu desespero, tornei a olhar pela cortina, e dei de cara com ele, que abriu a janela. De sobressalto, caí de costas com o susto.
Nem bem caí, pus-me a correr, quase de quatro, tentando me levantar. Não queria ser visto por Cris, então corri o mais que pude, passando o portão e descendo a rua. Vi que dentro do quintal ele ainda tentou me ver, mas não pode, corri muito. Provavelmente não me identificou.
Numa sensação mista de desespero, tristeza e excitação, sentei-me por uns instantes numa praça no fim da rua. Não sei precisar, mas devo ter ficado por lá quase duas horas. Decidi ir para casa, determinado a pegar minhas coisas e ir embora. Me sentia totalmente humilhado e frustrado. Ao chagar perto de casa, não vi mais o seu carro, apenas o portão aberto. Quando adentrei a cozinha, encontrei Cris, tomando tranqüilamente uma xícara de café. Olhei para o chão, e ali pude ver a umidade do pano que ela acabara de passar para limpar a porra do cara, que tinha escorrido enquanto o chupava, com ódio olhei para ela determinado a acabar com a farsa. Mas ela abriu um largo sorriso, num caloroso cumprimento.
– Oi meu amor! Como foi teu dia? Quer um café?
– Não, obrigado, Cris. Temos que conversar…
– Sim, temos mesmo, aconteceu uma coisa agora a tarde. E estava aqui na cozinha, me chefe veio até aqui comigo para te esperar chegar, tem uma proposta e trabalho para você! Mas olha só, estávamos aqui na cozinha, preparando um café – fiquei imaginando se ela me contaria exatamente o que aconteceu – mas de repente, pegamos um moleque dentro do nosso quintal, espionando pela janela. Ele saiu correndo quando o vimos, mas tomamos um susto! Não sei se não roubou alguma coisa do pátio, depois você dá uma olhada.
– Ah, sei… – murmurei baixinho, vendo minha raiva crescer cada vez mais. Ia desferir o ataque, mas de repente, reparei no que ela falou… – Mas… Como assim? Trabalho?
– È, uma proposta de trabalho pra você! Ele ia te esperar chegar, mas pintou uma emergência, ligaram, e ele teve que sair antes. Mas amanhã, vamos comigo até o escritório, e ele te apresenta uma proposta de trabalho lá.
Uma idéia abominável me ocorreu, e eu tive vontade de gritar. Estaria Cris fazendo isso apenas pra me conseguir um trabalho? Será que ela se submetia a coisas tão baixas por causa de nossa dificuldade financeira? Antes de tomar qualquer medida, resolvi dar um pouco mais de tempo. Dois dias se passavam desde que descobri a jogada toda, mas preferi manter-me gélido por mais alguns.
Concordei com ela, mas não consegui mostrar qualquer sinal de satisfação. Ela pareceu não importar-se tanto com minha indiferença. Parecia mais preocupada com o “moleque da janela”. Então, sentei-me à mesa, e tomei um café para ver se relaxava um pouco, quando ela então, notou meu rosto bastante inchado das lágrimas que eu derramei sentado no banco daquela praça, minutos depois de vê-la sendo “currada” pelo meu “futuro empregador”. Ela sentou-se ao meu lado, perguntando se eu estava bem, se eu queria que me fizesse alguma coisa.
– Não, Cris. Você já fez até demais- sim, eu consegui até mesmo ser irônico diante da minha própria desgraça como homem.
Mais tarde, já perto da hora de dormirmos, fui à cozinha tomar água, e vi no chão as marcas do pano que ela usara para limpar todo o esperma que vi, com meus próprios olhos, serem derramados sob seu rosto e corpo. Tomei aquela água como quem engole um balde de pedras. Me avivaram na mente as cenas de suas expressões de prazer. E fica imaginando, será que ela realmente sentia prazer naquilo? Ou realmente estaria fazendo somente para procurar, ao seu modo, um trabalho para mim. Me ocorreu que seu grande desejo de ser mãe estivesse movendo aquele instinto de criar um modo de termos mais dinheiro. Isso me deprimia, pois me fazia sentir fracassado como homem. Por outro lado, comecei a lembrar das suas palavras: “Isso, mete tudo então, mete, vai, forte, mais forte.. Aahh, mais forte, seu cavalo, mais forte!” – Aquilo só podia ser prazer, impossível que não fosse. Sua expressão, o jeito que mordia os lábios… Aquele negócio enorme enfiado nela… Quando dei por mim, flagrei-me alisando meu pênis dentro da cueca, a única roupa que eu trajava para dormir. Parado na cozinha, com o copo vazio na mão. Estava com o pau completamente duro, e não me perdoava por estar sentindo tesão com coisas bizarras como aquelas.
Virei-me, no intuito de jogar uma água fria na cara e ir para a cama… Mas com o susto que tomei ao deparar-me com Cris, a meio metro de mim, cheguei a trancar o soluço.
– Querido, demorou tanto, vim ver se tu estás bem!
– Sim… quer dizer, tô, eu só tava com sede – um nervosismo me tomou, comecei a gaguejar…
Seus olhos foram percorrendo meu corpo, com um olhar muito sem-vergonha, e não consegui esconder minha ereção.
– Hum, o que temos aqui?! – disse ela, com um sorriso safado, já levando a mão em meu pau.
– Olha, eu nem sei por que estou assim, eu…
Não cheguei a terminar, ela me calou com um beijo, e começou a alisar meu corpo todo. Encostou-me na mesa, ajoelhando-se aos meus pés. Não foi possível deixar de lembrar da cena dela na mesma posição com aquele cara… que aliás, eu nem bem sabia o nome dele. Eu não sabia nem se nome, mas já sabia até tamanho de seu pau dentro de minha mulher… Que horror, e pensava isso enquanto Cris enfiava meu pau em sua garganta, mais fundo do que nunca fez. “estava praticando”- Pensava eu, sem conseguir evitar. Mas, ao invés de brochar, coo pensei que aconteceria, senti-me ainda mais excitado.
Puxei Cris por seus cabelos cacheados, e beijei sua boca, agora com o gosto de meu tesão, e acabei deitado no chão duro da cozinha, com ela sobre mim, fazendo um 69. A cena estava muito interessante. Eu estava com o tórax entre suas pernas, ela montada sob meu peito, chupando meu pau de forma voraz, como jamais fizera antes. Era gostoso, por momentos, esqueci todo meu dilema e minha dor. Cris parecia uma mulher estranhamente melhor e mais carinhosa. Sobre me rosto, sua vulva, que eu arregaçava com as mãos, enfiando dentro dela minha língua inteira, estava aberta, arrombada, e novamente, toda machucada. Tinha um aroma suave de morango artificial, imaginei que fosse da camisinha. Enfiei nela meus dedos, das duas mãos, indicadores e médios, forçando suavemente a abertura sob meu rosto. Ela gemia forte, e eu senti quase raiva, imaginando se sentia mesmo tanto prazer com aquilo, ou se preferia o pau enorme daquele cara entrando nela. Abocanhei sua vulva, deixando seu clitóris sob minha língua, massageando. Ela gozou rápido. Dei alguns intentes, e virei o rosto, para respirar melhor e tomar um pouco de fôlego. Vi seu joelho exatamente sob o local onde passou o pano no chão.
Minha mente estava confusa. Eu não sabia que rumo tomar a partir daquele momento. Mas sabia que era melhor dar tempo ao tempo, pois comecei a notar que muita coisa não era exatamente como as pessoas contam. A vida tem surpresas terríveis, e a pior que tive, até então, não tinha sido a traição de Cris, nem mesmo os motivos que a levaram a me trair…Mas sim a minha forma de conceber, e até… de me excitar com tudo aquilo…
As 13:30 estávamos chegando ao escritório do excelentíssimo contador, e procurei ser o mais natural possível quando ele sorriu para mim, sentado naquela confortável cadeira atrás da mesa simples, com uma antiga máquina de escrever e uns papéis desorganizados sobre ela. Ao meu lado, Cris, com um sorriso radiante, parecendo uma menina. Agora, já devidamente apresentado, os Sr. “João Paulo” foi receptivo, e apertou-me a mão com força.
– Bem-vindo, Rogério. A tua esposa chegou a referir-se muito a ti, disse que és um bom motorista. E preciso de um bom por aqui. Na verdade, de alguém também com habilidades administrativas, para auxiliar no escritório todo, que na verdade é uma sociedade de profissionais do Direito e da Contabilidade. À propósito, você não me é estranho, não esteve aqui outro dia?
Gelei com a pergunta, pois não saberia como justificar para Cris minha “visita” ao local.
– Não, tenho uma aparência comum, muita gente me acha parecido com alguém – e um sorriso amarelo seguiu a piada infame…
Ele olhou para os papeis e documentos que Cris me fez levar, e fez uma demorada pausa, lendo-os atentamente. Meus olhos buscavam no ambiente os locais mais provável onde costumava comer minha mulher. Vi uma poltrona ao lado de umas caixas granes de papelão, ainda embaladas em plástico, a uns 2 metros da cadeira onde eu estava sentado. Imaginei que ali era um provável lugar de deleite dele com minha linda esposinha, e decidi que daria um jeito de ver isso acontecer, mesmo sem saber o que faria.
Olhe para o rosto redondo de Cris, que olhava atenta e sorridente para os gestos dele ao averiguar meus documentos e referências, até que ela mesma me interrompeu:
– Responda, querido!
De tão perdido em meus pensamentos, nem notei que ele me chamava, perguntava detalhes sobre meus documentos. Respondi, e em seguida, mergulhei novamente nos meus devaneios. Refletia sobre aquilo tudo, e até que ponto eu suportaria tal humilhação.
Duas horas uma hora e meia depois, eu assinava um contrato de experiência de trabalho, como motorista particular da “Sociedade”. Minha função era buscar e levar os clientes importantes do escritório, e os próprios sócios quando precisassem, o que diga-se de passagem, não era um trabalho ruim. Pagariam bem, mais do eu ganhava antes, e dava-me horários maleáveis. Seria um emprego ótimo naquela situação financeira em que me encontrava, não fosse minha certeza de estar dando minha mulher em troca da oportunidade. Mas incrivelmente, já não me sentia tão perturbado.
Quase uma semana se passou, e nada mais parecia ter acontecido entre Paulo e Cris. E nada mais aconteceu entre Cris e eu também. Conforme o tempo passava, comecei a sentir mais ciúmes, as lembranças das cenas que vi pareciam me atormentar mais e mais. Porém, certo dia, consegui enganar Cris e Paulo, pois saí para levar um dos Advogados para uma cidade vizinha, mas antes de sairmos da cidade, a reunião para onde íamos foi cancelada.
O distinto sócio decidiu que não trabalharia mais aquele dia, e ficou em casa, próximo do local onde recebemos a ligação cancelando. Pois bem, fiquei com o resto da tarde livre, e com o carro disponível para mim. Deixei o carro num estacionamento próximo do escritório, e fui pra lá discretamente, à pé. Sabia que era a situação perfeita para os dois. Era uma sexta-feira, início de tarde. Normalmente só João Paulo trabalhava neste dia e horário. Os outros apenas até sexta pela manhã. Quando entrei no pequeno prédio, fui direto para a sala de limpeza, onde tinha convicção de que não seria notado. Meus dias trabalhando lá, entre uma saída e outra, acabei descobrindo um modos de abrir uma passagem entre as divisórias da sala de Paulo, e tinha acesso por trás da estante de livros. Ali tinha um vão, por onde era possível espiar tudo o que acontecia lá dentro.
Eu passei mais de dois dias estudando um modo de espiar por ali sem ser visto. Lembrando-me do modo em que os observei em minha casa, coloquei no vão uma pequena cortina semi transparente. Por trás da prateleira era impossível que me vissem. Já na sala, afastei silenciosamente um tonel plástico que deixei obstruindo para não ser percebido pela faxineira, e posicionei-me. Nada vi, mas escutava vozes baixas, sabia que ele estava ali, apesar de não poder enxergar. O ângulo dava para o sofá que antes descrevi, e para a mesa, poucas partes da sala ficavam escondidas de minha vista. Fiquei encafifado, procurando descobrir onde estavam. Quase dei um salto com a surpresa da porta da sala de faxina abrindo-se. Estava muito escuro ali, eu deixei a luz apagada pra não ser visto, e arrepiou-me quando imaginei o momento em que acendessem a luz. Não sabia quem era, mas provavelmente era Cris. Ouvi o som do interruptor ser acionado, e cerrei os olhos, descrente de minha desgraça.
Qual não foi minha surpresa ao ver que a luz não acendeu! O som se repetiu, duas, três vezes.
– Merda, tá queimada a lâmpada – escutei e bom tom, na voz de Paulo – Entra mesmo assim, acho que aqui tá bom.
Outra voz respondeu à dele, e era a de Cris. Por isso não os via, estavam fora da sala, logo em frente. E agora, entravam ali, a menos de três metros de mim. Ele a puxava pela mão, eu podia vê-los bem, tinha uma luz forte no corredor. Fiquei agachado atrás de um grande galão de plástico azul, e fui deixando-me escorregar com as costas encostadas à parede, o mais silencioso possível. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo…
– Ai Paulo, ta muito escuro aqui, e tem cheiro de mofo! Tem certeza que quer fazer aqui?
– Fica quieta, piranha. Sei que tu gostas dum canto escuro, vem cá!
Só pude ver o rosto anojeado dela, desaparecendo conforme ele empurrava aporta para fecha-la. Quando a porta cerrou-se, apenas respirações fortes se podia ouvir. Ele balbuciava coisas ininteligíveis, e ela a todo o momento reclamava do lugar. Uma profunda pena se instalou em mim. Minha certeza de que ela fazia aquilo por seus instinto maternal, se submetia à aquilo para permitir-se ter um filho, e dar-me um emprego… Parecia loucura, mas habitava minhas certezas. E a maior de todas as loucuras, apesar de humilhado e fracassado, eu sentia… Tesão, meu pênis endurecia mesmo com minha tristeza mais profunda.
– Ta, ta, tira isso – ele era grosseiro com ela o tempo todo – Anda, tira. Chupa aqui, anda. Chupa.
Era uma sensação insuportável, aquele cara nojento tratando ela daquele jeito, a poucos metros de mim, e eu sentindo-me um fracassado, paralisado, e pior… Com a mão enfiada dentro das calças, como um guri de 11 anos espiando a babá no chuveiro. Me sentia revoltado, nauseado… e excitado.
-Chupa, mulher. Chupa que eu sei que tu gostas – ouvia-se a voz, embargada e rouca dele, entre os sons dela sufocando – chupa, puta. Até o saco, chupa.
Eu não os podia ver, mas escutava ela sufocada. Ele provavelmente estava sentado no chão, encostado à parede, como eu, só que do outro lado do cubículo sujo e cheio de trastes. Pelo que imagino, empurrava a cabeça dela pra afundar o mastro enorme que tinha em sua garganta. Me remoia de pena dela, imaginando o quanto aquilo devia ferir seu corpo e seu orgulho doce, que eu conhecia bem, por todo o tempo que nos unia.Mas de repente…
– Ah, seu filho da puta! – A voz dela, que parecia ter se libertado dos empurrões dele contra a vara que a enterrava na garganta – Cretino, cavalo!
Sons de tapas, e os vultos na escuridão, que aos poucos se dissipava, e me dava mais visão do que acontecia. Ela dava tapas na cara dele, e virou-se de costas pra ele, ficando quase de quatro.
– Vai, seu cavalo. Mete na tua puta, mete. E dá na bunda da tua égua, dá. Mas dá forte, com força, seu filho da puta. De molenga já estou farta. Bate!
E os sons da mão dele explodindo nas nádegas dela só não cobriam seus gemidos. O mundo parecia ter passado correndo ao meu redor. Não acreditei no que ouvi. Ela, a mulher que sempre amei e dediquei todo o meu carinho… Traía-me, e não apenas fisicamente. Agora, era moralmente. Espiritualmente. Meu ódio virou terror em um único segundo. E meu pênis duro em minhas mão, pareceu morrer de desgosto, brochando junto com meu coração. Tive que levar minha mão ao rosto, segurar meu nariz, tapar minha boca. Não queria ser ouvido chorando.
Os minutos que se seguiram pareciam horas. A desilusão borbulhava dentro de mim, ao som dos solavancos do corpo daquele cara, que não me soava muito mais cretino do que Cris, contra o corpo dela. Não me encorajei a olhar, mas sabia que agora estavam em papai e mamãe. O som era descontrolado, eu escutava os impacto desritmado do corpo dele contra o dela, o som de molhado. Ela dizia todos os tipos de blasfêmias possíveis, e ele não fazia por menos.
– Sua puta, vagabunda. Adoro comer teu rabo e te mandar pra casa toda doída praquele corno tratar.
– Isso, come meu rabo, come, vai. Goza dentro do meu cu…
Fiquei perplexo. Durante 8 anos juntos, tentamos anal umas três vezes, ela sempre desistia, pois dizia sentir muita dor. Aquela não parecia ser ela. E de fato não era. E aquele, com certeza não era eu. Estava tudo errado, e senti, neste momento, que só havia uma pessoa errada naquele cubículo.
Era eu. Durante anos, me neguei a acreditar que há coisas dentro das pessoas, como havia dentro de mim, inacreditavelmente me sentindo antes excitado com tudo o que via acontecendo. Sempre me neguei, neguei minha natureza de homem submisso, que sentia prazer vendo o prazer de alguém com minha mulher. Não era mais hora de me negar, assim como não era mais hora de negar que Cris também escondia dentro de si uma mulher que eu não conhecia.
Mas porquê? Por que não me mostrar de outra forma? Por que não me chamar e conversar? Era óbvio. Eu jamais fiz nada para quebrar aquele silêncio profundo e misterioso, achava “característico” dela. Eu fiz Cris não confiar em mim, e ela tornou-se uma devassa às minhas costas, e agora, perdia o controle de tudo, me apunhalando e humilhado não apenas minha virilidade… Mas também o meu amor. Sim, uma decisão nascia de mim agora. E ao som dos urros do João Paulo gozando aos solavancos nela, sequei do meu rosto a última lágrima que derramaria por ela.
– Ai, Paulo… Tu me encheu toda de porra, olha aí! Vai manchar o meu vestido. Seu cavalo, olha só! Vou ficar escorrendo por meia hora – palavras duras, frias… pareciam não combinar com ela, sempre tão educada e sutil
Ele permaneceu em silêncio. A penumbra agora, me permitia ver quase com facilidade, ele levantar-se do joelhos, sacudindo a enorme verga sobre ela, como se acabasse de urinar no banheiro. E foi puxando as calças que estavam arriadas até as canelas. Ela foi se levantando arrumando o vestido erguido, um seis de fora, espremido pelo meio pelo soutien. Cris foi saindo na frente, a a porta entreaberta lançou nos meus olhos um forte feixe de luz, quase me cegando. Ele foi saindo, empurrando apressado ela pelas costas, e num segundo, ela que virava-se para ele, sorrindo, correu o olhar sobre o meu, iluminado lá ao fundo por uma fina faixa de luz que apenas naquele segundo, iluminara meu olhar inchado e vermelho de lágrimas.
A perplexidade e o terror tomaram o rosto dela em apenas um segundo, olhando-me de boca aberta. Ele, que não me vira, continuou a empurra-la, fechando a porta, e a cena pareceu acontecer em câmera lenta… O olhar aterrorizado, como se visse um fantasma, sumindo no vão da porta que se fechava.
Ouvi a voz dele sumindo, provavelmente foi levando-a ao escritório, indiferente ao silêncio aterrorizado dela. Ouvi a porta do banheiro abrir e fechar, ele provavelmente foi “se limpar”. Levantei-me, reunindo o pouco de forças que tive, e saí. Ao passar pelo corredor, vi Cris estacionada, paralítica, parecia congelada, me olhando como se sentisse muito medo. Meu olhar foi provavelmente do mais absoluto desprezo. Fui para o estacionamento, indiferente, e peguei o carro da firma. Levei-o até em casa, e dentro dele coloquei tudo o que era de Cris. Absolutamente tudo. Voltei ao escritório com o carro, deixei-o na frente, e chamei Cris, que veio, silenciosa, pálida e aterrorizada.
– Querida… Meu endereço não é mais seu endereço. E meu amor não é mais teu. Hoje estou cansado demais pra me sentir enfurecido, vou te dar a chance de desaparecer de minha vida, de minha vista, e de minha memória. Tudo o que aconteceu, desde o início, está registrado. O moleque na janela de casa, aquele dia, era eu. Sei de tudo e registrei tudo. Tua família vai ser a primeira a ficar sabendo de tudo, teus amigos, os próximos, se não sumires sem dizer uma só palavra. Desapareças, de verdade.
O telefone tocou as 15 horas de Sábado. Mas eu, detraído na internet, quase não notei.
– Alô, Rogério? Eu tava quase desistindo rapaz! Ta em casa?
– Sim, é claro, esse é meu telefone…!
– Claro, claro, que tonto eu sou…rs… Bom, garoto, sabe duma coisa, eu tava aqui, olhando tua ficha. Tu és quase formado em contabilidade, te faltam o quê, dois, três semestres? – Algo na voz do Dr. Júlio, sócio majoritário da firma, me fazia estremecer…
– Sim, tranquei ano passado, desempregado, sabe minha história, né? – Procurei ser desembaraçado, superando minha natural falta de autoconfiança.
– Ta bom, olha, aquele João Paulo é um palhaço mesmo, irresponsável, acho que a única coisa útil que fez foi te contratar mesmo. Faz duas semanas que ele deu um pé na bunda daquela secretariazinha que ele mesmo arrumou pra ele e desapareceu, dizem que por medo do marido dela. Vai fechar um mês e vamos mandar ele passear. Precisamos de alguém pra dar uma mão no setor dele, quebrar um galho, só até arrumarmos alguém, mas olha… Queremos que voltes a estudar, ajeita as coisas por aí, te ajudamos no que for preciso, e quem sabe, em um ano, poderás integrar a equipe, humildemente no começo, mas quem sabe até crescer coma gente.
– Mas Sr Júlio, eu… Nossa, não sei se sou digno de tanta confiança, eu…
– Deixa de ser bobo rapaz, conheço pessoas confiáveis a primeira vista. E se tivesse entendido que era de um emprego que precisavas, aquela vez que esteve em minha sala, teria sido diferente. Mas é tempo de oportunidades rapaz. Abraces a sua!
O telefone desligou-se, e eu, descabido de contente, sentia que promovido de um simples motorista a assistente contábil… Parecia uma ilusão! Mas era real, por determinação. Voltei ao MSN, a moça do outro lado parecia exigir minha atenção, e retomei o assunto:
– Então, gostas mesmo de ménage?
Fim… (Início de uma nova fase para Rogério)
Mich
14 de outubro de 2017 04:09
Esse final é legalzinho, é a cara dos corninhos aludidos q vislumbram um lampejo de esperança no fim do túnel, bem fantasioso mesmo, parabéns pelo conto, envolvente.
Chuck Norris
14 de Janeiro de 2017 09:25
Sinto muito por isso cara, mais tem várias mulheres querendo algo sério por aí, logo você acha uma ideal para você, a Cris não te merece, fez bem deixar dela
pagano
5 de Janeiro de 2017 14:27
Pora cara,não sei se eu teria este sangue frio,tu foi o cara.tem meu respeito.que final
Alexandre Patrício
5 de Janeiro de 2017 00:50
Ela realmente não te merecia,você foi top cara,parabéns
Alexandre Patrício
5 de Janeiro de 2017 00:44
Que épico cara,nossa esse final,se isso não foi real,lhe recomendo muito se tornar um escritor,senti na pele enquanto lia a história, e esse final que foda!Se puder dizer como anda sua a vida agora,cara tens meu respeito.