Deflorada por 3 Desconhecidos

Há cerca de 20 anos minha família se mudou para pra fora do Brasil e eu, sempre muito independente, fiquei morando sozinha com 17 anos. Um ano depois, em uma sexta-feira, eu e uma turma de amigos do cursinho nos encontramos em uma lanchonete dentro do shopping. Amigos dos amigos também vieram, eu não conhecia a todos ali. A noitada se acabou e fui pra casa. Ao chegar no portão de casa não pude encontrar as chaves na minha bolsa, estranhei, mas achei que tivesse perdido.
Peguei uma cópia escondida em um vaso e entrei. Mal coloquei os pés na sala e fui agarrada. Com as mãos na minha boca, ele me impediu de gritar. Eram três rapazes, três desconhecidos na minha sala, três dos “amigos” da lanchonete que haviam roubado a chave de dentro da minha bolsa em uma ida minha ao banheiro!

Me arrastaram até o quarto e lá fizeram de mim a sua festa, o seu fim de noite. Toda vez que eu tentava empurrar, ou gritar, sua navalha me cortava a pele… tenho cicatrizes até hoje por todo o corpo, em todos os membros. Logo que me jogou na cama, o primeiro dos três foi me pedindo pra eu tirar a roupa. Como não obedeci, levei a primeira navalhada quando ele rasgava minha calça. Foi muito bruto ao tentar penetrar na posição mamãe-papai… eu era virgem e me doeu muito mais do que eu imaginava que fosse doer. Ele foi breve, gozou muito rápido, e eu dei graças a Deus (Deus esse que eu nem acreditava existir, sempre fui atéia, mas naquela hora senti a necessidade de ter fé, eu queria viver…só isso).

O segundo já me queria de quatro. Esse então… me doeu a alma! E gritei e dá-lhe navalhada, e então chorei calada, até que ele terminasse… O terceiro não fez exigências e tinha pressa, tinha medo… eu também não tinha mais forças pra resistir e já tinha meu corpo todo retalhado. Ele foi breve e começou a ter uma crise de arrependimento e pedia aos outros dois para irem embora, já tinham feito o que era o “combinado” entre eles, era hora de ir. E assim se foram, depois de três horas me abusando, me machucando… me marcando para o resto da vida.

Quando os três se foram eu fiquei ali, por alguns minutos até que o carro deles fizesse barulho e eu tivesse a certeza de que eles não estavam mais por perto. Me vesti suja mesmo, de porra e de sangue fui até a esquina telefonar. Eu chorava muito e sangrava demais também.

Eu não tinha telefone em casa, então fui até o próximo telefone publico e liguei para meu namorado, ele então veio me buscar, me levou até uma delegacia onde dei queixa e passei por exames de corpo-delito, etc. Dois dias depois ele não era mais meu namorado, pois acreditava que eu havia mentido, que eu era safada, e convidei os três sujeitos para uma “festinha”. A polícia nada fez e o pai do rapaz o mandou para fora do país e ficou por isso mesmo.

Pouco mais de um mês após o estupro, não menstruei e, é claro, só podia pensar no pior. E o pior aconteceu: eu estava grávida e Deus sabe de qual dos três! Eu não tive dúvidas sobre o que queria fazer: queria abortar imediatamente! Não queria uma parte dele dentro de mim (sem pensar que a outra parte era eu, era meu filho também), não tinha estrutura emocional nem financeira naquele momento e, honestamente, não pensei nem sequer por um segundo que deveria ter aquele filho.

E sendo assim busquei a Justiça, para que conseguisse uma autorização com um juiz para fazer esse aborto de formas “legais”. A coisa não aconteceu e não pude (nem queria) esperar. Eu mesma encontrei uma clínica clandestina e marquei um consulta. O lugar mais parecia um açougue, mulheres esperando pelo abate… terrível.

Sai de lá no mesmo dia e, uma semana depois, estava sendo internada em um hospital com uma séria infecção no útero, causada pelo aborto. Febre alta, dores, parecia que os “efeitos colaterais” daquele estupro iam me perseguir para o resto da vida, eu vivia um inferno e não conseguia sair dele.

Ainda senti o problema na pele quando, anos depois, tentei ficar grávida do primeiro filho e não conseguia. Logo pensei que estava sendo castigada pelo aborto que havia feito.
Sinto essa culpa até hoje, vou carregar comigo para o resto da vida, não ha nada que vá me fazer mudar de ideia… Mas não soube fazer diferente na época, portanto não condeno quem faz e sou totalmente a favor do aborto, porque quanto mais dentro da lei a coisa funcionar, menos riscos de problemas como a infecção que eu tive irão acontecer. Tem mulheres que nunca mais podem ter filhos por causa de abortos mal feitos.

Essa péssima experiência, péssima maneira de perder a virgindade (não que eu fosse casar virgem), me transformara na mulher que sou hoje. Uma mulher forte, mas não amarga. Aprendi a lidar com o trauma da maneira que mais me foi fácil seguir a vida sem permitir que esse “evento” me a estragasse.

Ao invés de me bloquear, me fechar para os homens, fiz o contrário: passei a literalmente “dar” pra qualquer um que eu tivesse vontade. O corpo pra mim é apenas um objeto (lavou tá novo!). Objeto de prazer, sim, mas sexo é apenas sexo, não confundo com amor, com respeito… essas outras coisas fazem parte da alma, não do corpo. Certo ou errado, foi assim que superei o trauma e funcionou pra mim, como se quando alguém bate o carro tem que dirigir logo pra que não fique traumatizado.

Eu queria apenas dividir isso no seu blog para que outras mulheres tenham coragem de falar sobre o problema caso tenham passado por algo parecido. Seja com você, com alguém de confiança ou com um terapeuta. Obrigado!

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